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Muitas dessas tradições culturais ligadas à gastronomia e surgidas em meio a conflitos religiosas e econômicos sobreviveram à diáspora da civilização islâmica, que se seguiu ao século XII, (re)desenhando configurações da rede de relações descrita na postagem anterior, que passou a incluir a Índia, o Paquistão, a Indonésia, a Andaluzia, a Sicília, a África do Norte e, com a expulsão dos mouros da Península Ibérica no século XVI, também a Ámerica em seu circuito de trocas culturais e intercâmbio de bens.
"A síntese se realizou nas cidades, novas ou antigas, dinamizadas por um intenso intercâmbio. O esfacelamento do Império não impediu a circulação de homens, dos bens e das idéias que caracterizam o mundo muçulmano do século VIII ao século XV".(Idem, ib)
Adotando a perspectiva de uma história cultural de acordo com a pesquisa bibliográfica, ao invés dos lugares-comuns dos textos historiográficos sobre orientalismo, como as gestas de reis, batalhas e dinastias, descortina-se um mundo árabe muito diverso das representações ocidentais sobre o Islã. A continuidade destas mesmas tradições, (re)inventadas em diferentes momentos e diversos contextos históricos, evidenciam o dinamismo cultural das formas de transmição dos saberes ligados à cozinha do Levante, mesmo diante das revoluções dos tempos modernos e do surgimento dos nacionalismos no mundo oriental da atualidade.